terça-feira, 21 de setembro de 2010

Brazilian Day

Brazilian Day - Toronto
Fala meu Povo!!!
Aproveitando o embalo do post anterior, vamos a minha primeira experiência "regguística" (reggae, rock, festa, balada ou como você prefere chamar na sua região) em solo canadense: o BRAZILIAN DAY!!!

Após três dias de relativa exclusão social no Cottage e intenso contato com a natureza em sua forma mais bruta (lembram do bucólico banheirinho externo?), partimos em direção a "capitá" da província de Ontario em busca de formas mais avançadas de civilização. Acaso ou destino, demos de cara com o Brazilian Day em Toronto (faz de conta que nada foi planejado, hehe).

Indiferentes ao esforço do GPS em nos levar pra qualquer outro lugar que não fosse o destino solicitado, finalmente chegamos na esquina da Dundas com a Younge, onde um palco relativamente modesto aguardava as principais atrações do dia, entre elas, Ivete Sangalo. Antes da festinha começar, um rápido passeio pelo local pra matar a vontade do meu irmão de comer uma coxinha ou um pastel nas barraquinhas (legalizadas) dos brasileiros lá. Entre pasteis de $4.00 dólares e latinhas de guaraná de $5.00 paramos um pouquinho pra posar pra fotos com a galera (o assédio tricolor foi grande.. me surpreendeu).


Começa a festa, parte patrocinada pela Rede Globo (e tome propaganda da Globo internacional com seu carro chefe "India: a love story" ou Caminho das índias pros mais chegados) e aos poucos mais e mais gente vai se acumulando no centro de Toronto a fim de conhecer a "Madonna brasileira", como diziam alguns. A maioria, contudo, brasileiros de todos os cantos, ansiosos por qualquer contato com a terrinha, carregando suas bandeiras e buscando matar a saudade de uma vida que muitos deixaram pra trás. Nessas horas fico pesando, seria possível conciliar o melhor de cada lugar (segurança, respeito e desenvolvimento do lado canadense e calor, relacionamento e alegria do lado brasileiro) ou será essa uma viagem utópica de minha cabeça?

À primeira vista até que poderíamos estar em uma cidade brasileira, porém com um pouquinho mais de observação é possível notar as diferenças. Bebida alcoólica na rua, nem pensar. Talvez em um "pub" fechado ou na área VIP montada (a um custo de $135.00 para poder ficar lá). Mas para todos os outros mortais, aguinha da bica ou qualquer outra bebida dos MC's, Tim Hortons e afins. Churrasquinho de gato, queijinho, acarajé (tá bom, apelei), no way. No máximo na área restrita às poucas barraquinhas credenciadas e ainda assim com um cardápio bastante reduzido. Música mesmo, só quando o show começou, mas ainda assim num volume tão "educado" quanto os próprios canadenses. Mas foi nesse som mesmo que pulamos e cantamos ao som de axés das antigas (como o "tic bom" do falecido Bom Balanço), sambas cariocas entre outros hits de carnavais da época em que lança perfume e serpentina vinham no mesmo kit.


Enfim, o show de Ivete deu uma levantada na galera e realmente fez neguinho pular. Apesar da garganta inflamada e doendo muito (culpa da "experiência ", já que em nome dela eu pulei dois dias naquele lago gelado) me diverti como nos bons tempos de Rotaract, quando a gente pagava os maiores micos, mas curtia muito. Engraçado mesmo foi ver os gringos sem entenderem nada, vendo aquele povo pulando e dançando de forma estranha e mostrando o que realmente é animação. Brasileiros quando se encontram lá fora (quer dizer, aqui fora.. ah, vocês entenderam) parecem melhores amigos que não se vêm a tempos. Batem altos papos, brincam numa intimidade tão peculiar que no fundo todo mundo vira baiano, rs. E por falar em baiano, a nação tricolor fez bonito por lá. No mar verde e amarelo, qualquer sujeito tricolor não parava despercebido e ainda virada ponto de referência. Seria um exagero dizer que me senti na Fonte, mas não faltou oportunidade pra abrir a boca e gritar "BBMP"!!!

Multidão na Dundas Square
Ivete e sua banda
Bora Bahêa "Rumo a Dubai"
Eu, Marcele e Danilo
Galerinha de London e Toronto

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A casa do lago

E aê pessoal, tudo tranquilo? Praticamente perambulando pelo mundo dos mortos (em outras palavras, sem aparecer por aqui), eis que retorna ao blog um ser mentalmente e fisicamente cansado, mas louco para escrever mais e mais sobre sua experiência: EU! Não entrando no mérito desse desgaste (pelo menos não por agora), vamos ao que interessa.

Após três dias de minha chegada no Canadá, parti com Danilo e toda a família de Heather (minha cunhada) para a casa do lago, normalmente chamada de "Cottage" pelos canadenses Anglofônicos. Uma viagem que duraria ao menos 8 horas pelas curvas e buracos das BRs do nosso Brasil, foi feita em 5 horas pelas bem cuidadas "highways" de três a cinco faixas daqui. Uma maravilha, sem contar com a sinalização presente em cada canto. É possível manter por longos períodos uma média de 120 km por hora. É um imenso retão que corta o país de leste a oeste e faz inveja a qualquer estradinha baiana.


Chegando lá, o já esperado: uma casinha de madeira de três quartos, um banheiro para o "número 1", uma linda vista para o lago e muitas árvores por todos os lados. Todo material sólido emitido pelo ser humano (se é que vocês me entendem) deveria ser feito num banheirinho externo de madeira. Banheirinho é bondade minha, convenhamos. A parada nada mais é que um buracão no chão, cercado de madeira, onde o povo vai pra cagar à temperatura ambiente e acompanhado dos insetos (pronto, falei!). Pra aqueles que têm intestino preso, esse "luxo" até que passa despercebido. Já para outros, como o meu irmão (hehe), aquela singela e bucólica casinha representa muito, apesar do pouco tempo que passamos lá (e acreditem, vocês não vão querer passar muito tempo lá).

O Cottage
Chega desse assunto! Vamos ao que realmente importa. O lugar é realmente bonito, apesar dos 110 degraus que temos que descer para chegarmos ao lago e da temperatura, que cai bruscamente pela noite. Chegamos com cerca de 18 graus lá e acordamos com 8 para um não tão convidativo mergulho no lago. Se é tradição local, exibicionismo ou realmente muita vontade de nadar, eu não sei. O fato é que fomos intimados a pular. Pela experiência (olha a bendita novamente) e para tomar banho mesmo, pulei. Esqueci de comentar um detalhe. Se você é um desses brasileiros fresquinhos que não aguentam ficar três dias sem tomar banho (hein?), o lago é a sua única opção. Acho que terei que abrir mais a minha mente no inverno, caso eles resolvam dar uma nova passadinha por lá.

Vista da casa
No geral, a experiência do Cottage foi muito interessante. A ideia de ficar numa casinha de madeira sem muitos recursos, sem internet ou TV, cercado por lagos e florestas, num cenário perfeito para um filme de terror ao melhor estilo "O Albergue", trás à tona o nosso lado aventureiro e nos força a buscar entretenimento nas mais adversas situações. O frio que fez e a chuva que teimava em cair, por exemplo, não foram empecilhos para passearmos de lancha, andarmos de pedalinho ( 1km/hr, apesar do esforço absurdo que tive que fazer) ou remar numa autêntica canoa canadense. Até mesmo o mergulho no lago, às 8:00 da manhã, foi extremamente válido. Após cinco minutos de agonia e sofrimento, a água até que fica quentinha, em comparação à temperatura do ar, claro. Você não sabe o que é pior, ficar ou sair da água, hehe.

Como lembrança ficam as muitas risadas dos jogos de carta, de mímicas (pra quem presenciou, o "thanksgiving" foi fantástico). Ficam também as conversas regadas a Caesar (uma bebida canadense, pelo que me falaram, que leva tomate, caldo de marisco, picles, tempero e alcool), rum e cerveja, além dos diversos petiscos, "barbacue" canadense (me recuso a chamar isso de churrasco) e tantas outras coisas que a gente comeu durante todo o dia, praticamente nos forçando a conhecer o banheirinho externo.

Pôr do sol em Port Hope
Por fim, uma passada rápida em Port Hope, a caminho de Toronto, para participar do Brazilian Day, ao som de Veveta Sangalo. Pra que melhor?!!! Curtam as fotos e aguardem por mais novidades.. tem muitas, só me falta o tempo pra escrever. Grande abraço  a todos e tenham paciência porque o bicho aqui está pegando pro meu lado ;) 


Total tranquilidade ao entrar no lago...
Outras residências no Cottage
Cogumelos na floresta
Gabi e Andrew com seus "Ugly Sticks".

Alex, Gabi e Dan
Comprando Maple Syrup

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

TENSO - Parte 2

Fala galerinha!!!!

Finalmente consegui achar um tempo para escrever novamente. Acho que vou ter que aprender a lidar com isso daqui pra frente, caso queira mesmo manter esse blog atualizado e vocês informados sobre os últimos acontecimentos da Toca. O fato é que estou no meu terceiro dia no Canadá, mas realmente preciso compartilhar um episódio anterior à minha chegada. Ainda no clima de tensão, vamos a ele.

Após a conversa com a amável oficial do Consulado Canadense (um beijo especialmente para você, "minha senhora"), recebi um número de processo para poder proceder com os exames médicos necessários para a obtenção de um visto para um período superior a 6 meses. Já no dia seguinte liguei para o único médico credenciado em Salvador para poder marcar uma consulta. A previsão inicial era de conseguir um horário em sete dias (lembrando que, nesse momento, eu só tinha mais duas semanas até o dia pretendido de minha viagem, 27 de Agosto, com o visto e passaporte em mãos). Tive que abrir a minha vida e meu coração para a secretária do doutor, além de mostrar todo o meu desespero e aflição, para poder marcar para o mesmo dia a consulta.

Mesmo após eu ter me antecipado ao consulado e ter feito um check-up geral com TODOS os exames importantes numa situação dessas, tive que ouvir do médico que nenhum desses exames seria válido, a não ser os que eu faria na própria clínica credenciada. Não preciso dizer que tais exames custaram mais de 100% do valor dos que eu já tinha feito, fora os R$200 da consulta. Ah, acontece, galera.

Assim, quase uma semana depois, retornei à clínica para pegar a minha cópia dos resultados e pagar (Yes, baby) o envio dos resultados para as autoridades de imigração Canadense, em Trinidad e Tobago (É, também me perguntei o mesmo que vocês..). Nessa bricadeirinha, mais R$180 para que os exames chegassem em até 3 dias em Porto Espanha. Daí então, eles teriam mais 48 horas para mandar um aval para o Consulado em São Paulo e este mais alguns dias para emitirem o meu visto e devolverem o meu passaporte. Ufa!

Bueno, não foram três dias, mas quatro até eu receber a confirmação da chegada dos danados dos exames na ilha Caribenha e mais três até eu receber a ligação da agência de turismo, que me auxiliou nesse processo, dizendo que o visto finalmente tinha saído.. e em tempo recorde. Já era sexta-feira, dia 27 de Agosto e eu só havia conseguido marcar o vôo para o Domingo, dia 29. O horário do Sedex 10 já havia vencido e o despachante da agência ainda tinha que me enviar o passaporte com o visto. A alternativa escolhida foi mandar tudo através da TAM Express. O pacote chegaria em Salvador no Sábado, às 16:00 hrs.

Feliz da vida, cheguei no dia seguinte no Terminal de Cargas da TAM para buscar a tão esperada encomenda, até ser surpreendido pela atendente (muito educada e solícita, por sinal), dizendo que não havia nem sinal de envio de tal documentação. Han??? Como assim, mamãe? Começa aqui o momento "Se vira nos 30, mané".

Resumindo a obra de arte, após 4 horas de espera e com a importantíssima ajuda do amigo Mateus, que ligou para o SAC da TAM, descobri que nenhum passaporte pode ser enviado dessa forma. Assim, o documento ficaria retido em São Paulo até segunda-feira, quando seria então devolvido para o remetente, no caso, o despachante. Ninguém, além do próprio remetente ou o destinatário, poderia retirá-lo de lá. A minha primeira reação? Dizer num alto e bom tom a mais relaxante e sábia expressão de desespero: F U D E U!!!!!

Como nem a empresa despachante (por falta de recurso humano), nem outra pessoa poderia fazer isso pra mim, sobrou pra mim mesmo a agradável tarefa de organizar a busca do passaporte a tempo de embarcar para Toronto. Então, no dia 29 de Agosto de 2010, sai às 11:40 hr. de Salvador com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, guardei minhas malas no guarda-volumes do aeroporto às 14:30 hr., peguei o ônibus da TAM às 15:30 hr. em direção ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, de lá peguei um taxi às 16:30 hr. para o Terminal de cargas da TAM, onde resgatei o meu Passaporte com o maravilhoso visto de 2 anos e 4 meses (respira, respira, respira), peguei então um outro taxi às 16:50 hr. voltando ao Aeroporto de Congonhas, chegando a tempo de pegar às 17:00 hr. o mesmo ônibus da TAM com direção ao aeroporto de Guarulhos, no qual cheguei uma hora depois e a tempo de fazer o check-in para o meu vôo. E aí papai, é emoção suficiente antes de uma viagem de 10 horas? Como diz um grande amigo,  TENSO, porem EMOCIONANTE!!!