quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TENSO...


Esses dias fui surpreendido por um telefonema de uma oficial do Consulado Canadense, em São Paulo. Cerca de uma semana antes, eu havia enviado toda a documentação necessária para a solicitação do meu visto de estudante ( e diga-se de passagem, uma bela solicitação, completa e segura).

A oficial, que me limitarei a chamar de "minha senhora", com todo o respeito a seu marido e para preservar sua identidade (afinal, eu ainda NÃO tenho o visto em mãos, rs), começou uma conversa séria, porém num tom de confirmação de alguns dados apresentados por mim. Tentarei reproduzir aqui um resumo do diálogo:


Oficial: - Senhor David Caribé, eu sou do Consulado Canadense e estou responsável pela sua solicitação de visto de estudante. Por que exatamente o senhor está solicitando um visto de estudante?

David: - Bom, minha senhora, fui aceito pela Universidade de Western Ontario para fazer um mestrado em gestão desportiva, como apresentado na carta de aceitação entregue pela própria universidade. De acordo com eles, devido ao tempo de duração do programa, precisarei de um visto de estudante para esse período.

Oficial: - Claro. Qual a sua formação David?

David: - Sou formado em administração pela Universidade Federal da Bahia.

Oficial: - E o que é exatamente esse curso que o você pretende fazer?

David: - Não é exatamente um curso, é um programa de mestrado em gestão desportiva. Podemos dizer que seja uma especialização nessa minha área de interesse. Eles chamam de Master of Arts, para diferenciar do outro tipo de mestrado existente no Canada, que é o Master of Science ( explico melhor isso num próximo post).

Oficial: - David, você poderia me explicar do que se trata gestão desportiva? (Senti como tom de deboche).

David: - Gestão desportiva é basicamente a administração, a organização, enfim, uma série de atividades relacionadas à promoção e prática de atividades esportivas e físicas, como a gestão de um clube, de associações, confederações, entidades desportivas, de eventos, competições, ginásios, academias... nossa, tem tanta coisa que eu ficaria falando um bom tempo sobre isso.

Oficial: - Mas com base em que você pretende fazer isso? Você já trabalhou na área alguma vez? Você já esteve envolvido com isso antes? (interrompo ela nesse momento)

David: - Olha, minha senhora, eu sou um ex-atleta e apaixonado por esporte.. (ela me interrompe agora)

Oficial: - O que te qualifica a se considerar um ex-atleta? (Ela começa a falar de forma impaciente e aparentemente cética)

David: - Ex-atleta por ser um ex-nadador federado pela Confederação Baiana de Natação (na verdade é Confederação Baiana de Desportos Aquáticos, mas a mulher estava me deixando nervoso). Eu nadei campeonatos baianos, norte-nordeste... realmente pratiquei e competi na modalidade.

Oficial: - David, eu estou sendo bem franca com você. Eu recebi aqui a carta do seu irmão falando que vai te receber lá e que você viria para estudar. Mas o que o seu irmão faz no Canadá?

David: - O meu irmão é casado com uma canadense e possui residência permanente. Ele é fisioterapeuta e trabalha na área dele por lá.

Oficial: - E você não acha que esse mestrado tem muito mais a ver com ele do que com você? Você está me falando aí um monte de coisa, mas... (interrompi ela novamente)

David: - Minha senhora, eu não estou entendendo aonde você quer chegar com isso?

Oficial: - Eu é que não estou entendendo o que você quer com esse mestrado no Canadá!
(Pausa. Juro que não esperava uma ligação dessas, afinal toda a documentação tinha sido enviada corretamente e com bastante detalhes. Se tinha alguém que poderia questionar a minha capacidade e qualificação para o mestrado era o comitê de seleção da Western, junto com minha orientadora e não uma oficial do Consulado canadense. Fiquei realmente nervoso..)

David: - Veja bem, por que uma Universidade Canadense me chamaria pra um de seus programas se eu não tivesse capacidade ou afinidade com isso? Se eles me aceitaram é porque acreditam que eu possa fazer um bom trabalho por lá. (Confesso que gaguejei um pouco até me achar novamente) A área do meu irmão tem a ver sim com esse programa, mas a ele falta a gestão. No entanto eu tenho esse conhecimento e a mim falta apenas um foco na área esportiva.

Oficial: - Mas um Master of Arts... que relação tem com a sua formação?

David: - Poxa, total. A única diferença de um Master of Arts para um Master of Science é que o primeiro abrange disciplinas da área de Humanas, como gestão, ou seja, MINHA formação e o segundo se volta mais para as áreas das ciências. O que eu preciso e quero agora é dar um foco nisso. E estou realmente preocupado com o tempo que vai levar até esse visto sair. Como você pôde ver na carta da Universidade, eles exigem que eu esteja lá com toda minha documentação até 1º de Setembro. (Dei uma mudança no teor da conversa porque já não sabia mais o que falar para a mulher. Depois de ouvir o que ela tinha a dizer sobre o prazo do visto, exames médicos e todo o processo, finalizei.)

David: - Minha senhora, você ainda tem alguma dúvida sobre o programa, sobre o que eu vou fazer no Canadá ou qualquer outra coisa?

Oficial: - Não. Você me convenceu.

Após quase 30 minutos de conversa tensa, UFA.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Gestão Desportiva?

Alguns de vocês devem ter se perguntado esses dias, "mas David, que loucura é essa? Por que gestão desportiva? Alooou!!!". Por mais estranheza que essa escolha possa causar, ela não é simplesmente uma ideia nova e com data certa para ir embora. Ao contrário, a vontade de trabalhar aliando gestão e esporte mexe com minha cabeça há pelo menos 10 anos, quando "perdia" o meu intervalo no colégio desenhando numa folha de papel o meu tão sonhado "Centro Avançado de Treinamentos".

(Pausa para risada..)
...

(...eu sei que ainda tem gente rindo aí.. pronto.)

Mas é verdade, galera. Eu perdia horas desenhando cada parte desse Centro, definindo o tamanho das instalações, layout, modalidades atendidas, enfim, tudo que um lugar com tão estrondoso porte merecesse (sim, eu penso alto). Antes que vocês digam que eu me enganei novamente de profissão e que deveria ter seguido arquitetura ou engenharia, vou logo adiantando que o que mais me fascinava não era o fato de eu desenhar, mas sim como pensar estrategicamente políticas e diretrizes para que tal empreendimento desse certo e fosse não apenas sustentável, mas lucrativo (Poliana também gosta de viajar, comer bem, comprar roupinha legal... não é?)

O tempo passa, o tempo voa... a Poupança Bameirindos nem existe mais, mas a ideia persistiu e continuou firme e forte.. hora não tão firme.. hora não tão forte, confesso. Mas à medida que eu fugia dela, eu me perdia mais em tentativas que não refletiam muito aquilo que eu de fato queria. Ainda assim, acredito que todas as experiências foram importantes na construção do que sou hoje, do que penso sobre a vida e sobre o futuro.

Hoje eu me vejo interessado em ir cada vez mais fundo na área da Gestão Desportiva (em maiúsculo pela importância que quero empregar a ela) e tenho muitos motivos pessoais para isso. Esporte é uma grande paixão e está presente em minha vida desde criança, quando comecei a nadar por conta da asma. Esporte me deu confiança, força, motivação, disciplina e saúde durante esses anos. Eu fiz amigos e visitei lindos lugares por causa do esporte e eu realmente acredito no seu maravilhoso poder para mudar vidas, e por que não, até o mundo ( lembram da história do beija-flor de Betinho?).

Outro grande motivo é a recente inclinação do Brasil por desenvolvimento e inclusão social através do esporte. Após anos e anos de expectativa (afinal, o meu avô já escutava que o Brasil era o país do futuro) o futuro parece que, aos poucos, engrena uma segunda marcha. O Brasil será cede de dois dos maiores eventos esportivos do mundo nos próximos anos:  A Copa do Mundo da FIFA, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016 - um momento histórico não apenas para nós, brasileiros, mas para toda a América do Sul. Os jogos do Rio, por exemplo, pretendem ser os jogos da Celebração e da Transformação e eu gostaria muito de poder fazer parte disso e dar a minha contribuição.



Sei que muita gente está torcendo para que tudo dê errado para poder, gratificantemente, dizer "Eu disse". Eu, ao contrário, pretendo fazer a minha parte e, também gratificantemente, dizer "Eu fiz parte disso". Nossa.. o texto acabou tomando um rumo um pouco diferente do que eu queria. Muitas vezes isso é inevitável. Uma coisa é certa, por pior que seja a situação ou por mais incerta que seja a vida, quero continuar sendo do grupo dos que "metem a cara" e buscam uma mudança concreta.

Saudações tricolores (para fechar com chave de ouro, rs)!!!

PS- Depois escrevo um texto mais técnico sobre o tema ;)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bem-vindos à toca

Fala pessoal!!!

Sejam bem-vindos ao blog "Além da toca do Coelho". O que vocês podem esperar a partir daqui é uma viagem a um mundo de novas descobertas, curiosidades, informação e certa dose de reflexão de uma mente disposta a romper com o pré-estabelecido e aberta à reformulação de conceitos e comportamentos.

Com certa experiência internacional (afinal passei um ano na Suíça através do Programa de Intercâmbio Jovem do Rotary Club, viagens pela Alemanha, Itália, Espanha, República Tcheca, Áustria, além dos Emirados Árabes, Austrália, Cingapura e Malásia) o fato de não poder compartilhar meus pensamentos com alguém me deixava bastante inquieto e, de certo modo, frustrado. Esse sentimento se repetia a cada nova viagem. As experiências fazem parte de nossas vidas, mas o tempo, muitas vezes, é capaz de apagar algumas lembranças. Sendo assim, resolvi fazer um blog no qual pudesse arquivar esses pensamentos e expor àqueles que ainda não puderam vivenciar tais momentos.

Agora estou de passagem marcada para o Canadá, onde ficarei por dois anos, a princípio. Fui aceito pela Universidade de Western Ontario, na cidade de London, para um programa de Mestrado em Gestão Desportiva. Por curiosidade, o Canadá era o meu "país das maravilhas" quando adolescente, porém ainda não o havia visitado, apesar de meu irmão morar lá por quase três anos.

A ideia de ir além da toca partiu da vontade de querer mostrar algo fora do usual num blog de viagem. Ao menos é essa a minha intenção atual. É claro que muitas vezes vocês verão textos puramente informativos, outros já um tanto simbólicos. Não estranhem, porém, quando encontrarem aqui alguns textos despretensiosos, afinal a minha intenção é deixar um bom grau de flexibilidade e liberdade nos temas e na escrita, ao sabor do meu humor e de cada momento. o que posso dizer é que esse será um aprendizado compartilhado com todos vocês.

Permitam-se serem levados pelo coelho branco e estejam dispostos a enxergarem além da toca!

Grande abraço.